Meritíssimo… Porque tantos méritos?
Meritíssimo… por que tantos méritos? Este é o título de um trabalho meu que está aí no livro. É como se endereçavam a este juiz quando recebia, durante alguns anos esta forma de tratamento. E é como todos ainda se dirigem aos juízes; me-ri-tís-si-mo! Se um juiz é assim denominado, assim tratado, pode-se perguntar: por que tantos méritos? De que posição se lhe supõem tantos méritos? E que méritos são estes? Isto advém da sua função simbólica, como é de se esperar, ou de incensos narcísicos com que muitos deles gostam de se enfumaçarem, de se alimentarem? Passadas mais de duas décadas da data em que fiz esta palestra lá em Belo Horizonte, a convite da Amatra, as questões que ali coloco continuam pulsando, ainda sempre nascedouras, vivas, incomodando e desalojando os que por elas se deixem afetar. Melhor seria se os que forem afetados fossem os próprios juízes. Ou os que vierem um dia a ocupar este lugar. Afinal, foi por ter passado por este lugar que me autorizei a escrever sobre isto. Com estes textos, faço existir um livro. Mais um. Fui juntando as palestras que fiz por aí afora durante um tempo e aqui as reuni. Todas as palestras falando de Direito e Psicanálise. Algumas estão mais “datadas” e pode ser até que a parte técnica do Direito tenha sido alterada. Como a parte teórica tem mutações mais lentas, certamente estará mais preservada. Resolvi não retocar, não readaptar aos tempos. Prefiro o sabor e o cheiro da história que venha a exalar do folhear das páginas. Outros textos estão como se eu os tivesse escrito ontem. Ou hoje mesmo. Alguns enunciados, é bem possível, talvez pudessem ser revisados. Outros não. Prefiro deixar este exercício ao leitor. Porque não é um livro didático. É um livro de alguém que, tendo pertencido ao Ministério Público e à Magistratura, e depois exercendo um trabalho clínico psicanalítico, escreveu e falou estes textos, todos eles remarcados pela incidência do discurso analítico. Vou deixá-lo assim.
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